MADALENA
21:00
6,00
MADALENA
de Sara de Castro
Cuidar dos mortos. Pouco depois da estreia de Madalena, começou um mês e meio de confinamento. Madalena era um espetáculo sobre a complexa figura simbólica de Maria Madalena, a cuidadora. É ela quem prepara o corpo de Cristo para as cerimónias fúnebres e também é a ela que é dado a conhecer o milagre da transcendência da carne. Nesse espetáculo, as atrizes atravessavam uma longa noite de luto — um processo que passa pela negação, raiva, negociação, tristeza e aceitação — para resgatar o direito ao contacto com o corpo morto numa sociedade em que a morte foi higienizada, desmaterializada, tornada abjeta.
Madalena é hoje um outro espetáculo. Não se sabe bem o que é. Hoje, não só está interdito o contacto com o corpo morto, mas também o contacto com os vivos está condicionado. As inquietações agigantam-se depois de convivermos com um vírus que nos isolou fisicamente, que nos fez temer o outro, que fez com que funerais fossem proibidos, que deixou tantos morrerem sós. Madalena continua a lembrar-nos que, sem contacto, somos menos humanos.
Direção artística: Sara de Castro
Com: Ana Brandão, Carla Galvão, Cuca M. Pires, Madalena Almeida, Paula Só e Teresa Moreira Coro de voz falada - projeto Primeira Vez: Ana Pereira, Graciete Silva, Hugo Louro, Nilza Rodrigues, Pedro Galhardo, Viviana Reis Dramaturgia: Ana Pais, Sara de Castro
Produção: Dentro do Covil – Produção e Criação Artística
Coprodução: Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Viriato, Centro de Arte de Ovar Apoios GTIST – Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico, Teatro Meridional, CAL – Primeiros Sintomas, TEC – Teatro Experimental de Cascais
Espetáculo apresentado no âmbito da rede Eunice Ageas, projeto de difusão de produções e coproduções do Teatro Nacional D. Maria II.
AUDITÓRIO . M/14
: 70 MIN.
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