VICTOR HUGO PONTES
A Nome Próprio é uma estrutura dedicada à produção e promoção de projetos artísticos, sobretudo de dança contemporânea e teatro. Fundada em 2000, por Victor Hugo Pontes, coreógrafo e encenador, que assegura a direção artística, as suas atividades intensificaram-se a partir de 2010. Tem desenvolvido projetos com inúmeros artistas e instituições, apresentados em todo o país, e também internacionalmente: Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Cultural de Belém, Teatro Nacional São João, Teatro Municipal do Porto, Centro Cultural Vila Flor, Maria Matos Teatro Municipal, Teatro Municipal São Luiz, Festival Panorama (Brasil), Festival de Dance de Cannes (França) e Théâtre de Liége (Bélgica), entre outros. Desde a sua fundação, produziu espetáculos como Fuga Sem Fim, A Ballet Story (Melhor Espetáculo de Dança do Ano 2012, Público e Expresso), Zoo, Fall, Coppia, Orlando, Se Alguma Vez Precisares da Minha Vida, Vem e Toma-a, Uníssono – Composição para cinco bailarinos, Nocturno, Margem (Prémio Melhor Coreografia SPA, 2018), Drama (2019) e Os Três Irmãos (2020). Para além da circulação de alguns destes projetos, a Nome Próprio tem em curso novas criações, com estreias em 2021.
VICTOR HUGO PONTES
Victor Hugo Pontes nasceu em Guimarães, em 1978. É licenciado em Artes Plásticas – Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Em 2001, frequentou a Norwich School of Art & Design, Inglaterra. Concluiu os cursos profissionais de Teatro do Balleteatro Escola Profissional e do Teatro Universitário do Porto, bem como o curso de Pesquisa e Criação Coreográfica do Forum Dança. Em 2004, fez o curso de Encenação de Teatro na Fundação Calouste Gulbenkian, dirigido pela companhia inglesa Third Angel, e, em 2006, o curso do Projet Thierry Salmon – La Nouvelle École des Maîtres, dirigido por Pippo Delbono, na Bélgica e em Itália. Como criador, a sua carreira começa a despontar a partir de 2003 com o trabalho Puzzle. Desde então, vem consolidando a sua marca coreográfica, tendo apresentado o seu trabalho por todo o país, assim como em Espanha, França, Itália, Alemanha, Rússia, Áustria, Brasil, entre outros. Das suas mais recentes criações como encenador/coreógrafo destaca: Fuga Sem Fim (2011), A Ballet Story (2012), ZOO (2013), Ocidente, de Rémi de Vos (2013), Fall (2014), COPPIA (2014) em co-criação com Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves, Se alguma vez precisares da minha vida, vem e toma-a (2016), CARNAVAL (2016), a convite da Companhia Nacional de Bailado, Nocturno (2017), em co-criação com Joana Gama, Margem (2018), Drama (2019), Madrugada (2019), a convite da Companhia Nacional de Bailado e Os Três Irmãos (2020). Em março de 2007, venceu o 1.o Prémio com o trabalho Ícones no 2nd International Choreography Competition Ludwigshafen 07 – No ballet, em Ludwigshafen, Alemanha. Com o espectáculo A Ballet Story, foi nomeado, em 2013, para os Prémios SPA na categoria de Dança – Melhor Coreografia. Em 2019 venceu, o Prémio SPA na categoria de Dança – Melhor Coreografia, com o espectáculo Margem. Integrou o programa DanceWeb 2017 do Festival ImPulsTanz em Viena, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, onde trabalhou com Jan Fabre, David Zambrano, Doris Uhlich, Benôit Lachambre, entre outros. É, desde 2009, o Diretor Artístico da Nome Próprio – Associação Cultural.
"OS TRÊS IRMÃOS"
Direção Artística: Victor Hugo Pontes
Texto Original: Gonçalo M. Tavares
SINOPSE
Victor Hugo Pontes coloca em cena três bailarinos imaginados pelo escritor Gonçalo M. Tavares para esta nova criação. Abelard, Adler e Hadrian são Os Três Irmãos: quando se encontram naquele não-lugar, procuram o rasto dos seus pais, marcam a giz a sua ausência, lavam-se, comem juntos à mesa, carregam os corpos uns dos outros em sacrifício ritualizado, carregam-se aos ombros, vivem em fuga, praticam o jogo perigoso do encontro com o passado. Abelard, Adler e Hadrian tentam fazer a sua ligação à terra e sobreviver à existência uns dos outros, mesmo se esta houver sido esburacada a berbequim, enrodilhada numa trouxa de roupa, transportada num carrinho de mão.
Não trabalho com palavras, mas sim com movimentos, o que vai tornando progressivamente difícil escrever sobre os meus espetáculos. Mas uso muitas vezes as palavras como ponto de partida, como meio e até como fim. Acabo quase sempre por retirá-las da boca dos intérpretes, ou por calar os autores. Desta vez, não foi assim: as palavras do Gonçalo M. Tavares estão presentes em Os Três Irmãos. São o motor da ação e surgem no espetáculo para serem lidas, e não ditas. A força da sua presença é por isso diferente – são palavras que não se ouvem, mas que conduzem o espectador.
Os Três Irmãos é um projeto de vontades: trabalhar com um elenco pequeno, depois de sucessivas criações com elencos de mais de dez intérpretes; trabalhar a partir de um texto do Gonçalo M. Tavares, autor em cujo universo sempre tive vontade de mergulhar; trabalhar o aqui e o agora. Acontece que nunca imaginei que o aqui e o agora fosse este que estamos a viver. Não sendo possível prever o futuro, em momento algum teria sido imaginável há um ano, por exemplo, a realidade dos dias de hoje. Ainda não sei bem se isto é realidade ou ficção, aliás. Foi também por isso que desafiei o Gonçalo M. Tavares a escrever sobre «assuntos de família» para os intérpretes Dinis Duarte, Paulo Mota e Valter Fernandes. Depressa concluímos que seria uma família de três irmãos e que a ação seria sobre este presente cheio de ausência. Por exemplo, a ausência de pessoas que entretanto morreram e de quem não pudemos despedir-nos. Não era minha vontade retratar esta realidade-ficção que vivemos, e talvez por isso tenha preferido ficar de algum modo no passado, quando o contacto e o toque ainda nos era possível. É também desse passado que nos fala Os Três Irmãos. Vivemos agora numa anomalia e não numa nova normalidade, e a família é o que temos de mais seguro e de mais frágil. Como escreveu Tolstói em Anna Karenina: “Todas as famílias felizes se parecem umas com as outras, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”.
- Victor Hugo Pontes
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